sábado, 19 de dezembro de 2009

MONTESSORI

Tive a oportunidade de trabalhar em uma escolinha infantil Montessoriana,localizada no bairro Menino Deus em Porto Alegre, há 28 anos atrás. A diretora havia montado toda a estrutura, adequada aos pressupostos da grande educadora italiana. Trabalhei como monitora, assessorando uma professora e eventualmente, substituindo alguma outra. Nos 3 meses que estive por lá, pela teoria, somente duas professoras conseguiam realmente imprimir um enfoque Montessoriano ao seu trabalho com as crianças. As outras usavam dos materiais, mas com uma visão muito diretiva do trabalho. Quanto menores, mais impunham às crianças uma ordem padrão, para que todos as seguissem. Realmente, lembrando a professora Ana da interdisciplina de Psicologia, devemos tentar perceber se concordamos com a filosofia com a qual estamos trabalhando ou se somente somos obrigados a segui-la.

DIDÁTICA

Gostei demais de conhecer a filosofia dos grandes pedagogos que nos foram apresentados na interdisciplina de Didática. Já havia lido algo sobre eles, mas agora, pude me inteirar melhor. Freinet sempre me despertou entusiasmo. Embora, sendo repetitiva, sempre fico atônita como a ideologia das classes dominantes consegue abafar tão completamente idéias como as dele. Há alguns anos, apenas, conseguimos ouvir falar de suas teorias que já possuem muito mais de 100 anos!!! Suas aulas passeio me encantam, e sempre fiz isso com meus alunos. Realizar saídas para verificação de algumas opiniões que as crianças expressam em aula e a partir delas conseguir analisar vários outros elementos. Podem-se iniciar muito bons projetos através da observação da sua própria realidade circundante. Os cantinhos, infelizmente nunca pude realizá-los pois, as salas de aula por serem muito pequenas e cheias de alunos não comportam a estruturação dos mesmos. Além disto, nos falta muito material; só o que nós professores conseguimos trazer para sala de aula. Já tive oportunidade de trabalhar a correspondência, mas as análises feitas a partir dela não foram bem conduzidas. Realmente é uma oportunidade muito boa para se desdobrar a alfabetização e o letramento.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

DIDÁTICA

O último enfoque de didática sobre avaliação foi bastante importante para mim. As reflexões sobre avalição mediadora e classificatória foram muito esclarecedoras. Creio que dificilmente os professores tem coragem de revelar o quanto nos falta conhecimento teórico nessa área. Vivemos sob o impacto de uma avaliação classificatória, ainda..e por mais que se desenvolva uma trabalho com uma visão mais construtivista, a avaliação não consegue inúmeras vezes acompanhar esse caminho. Os sistemas de ensino, cobram avaliações quantitativas como prioridade. Não conheço uma escola, no meu município, em que os professores consigam avaliar somente com instrumentos mediadores, sem aplicação de testes ou provas. Realmente, existe uma força muito grande por parte das secretarias de educação municipais, que de forma sutil, colocam esse tipo de avaliação como importante. E o que vejo, são supervisores, que se consideram abertos, copiando e comparando conteúdos curriculares, inclusive de escolas particulares para não ficarem "atrás" das outras escolas. Quando coloco a possibilidade de projetos de aprendizagem, a partir dos interesses das crianças, logo vem a pergunta: - como farão um vestibular? Vê-se que o entendimento de preparar para vida segue uma linha elitista e portanto, avaliarprioritariamente quantitativamente não é uma atitude incoerente para esses professores. Outros questionam: - O problema é que não adiante ser assim somente aqui nessa escola! Há que se ter muita coragem para romper esse cerco.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

EJA

Foi bastante importante realizar a saída de campo dessa interdisciplina. As entrevistas com os jovens da escola em que fui fazer a pesquisa, a observação da situação da aula, no momento da mesma, foram muito reveladores das metodologias que ainda estão sento utilizadas para que aconteça a aprendizagem com esses alunos. Percebi que os cinco alunos, quatro rapazes e uma moça, não estavam muito motivados em sala de aula. Uma das perguntas se referia ao fato de haverem parado de estudar. Todos eles mostraram vergonha de responder que sim, especialmente os que acrescentaram que já haviam "rodado" uma ou duas vezes. Também não faziam nenhuma saída da escola para visitar alguma exposição, cinema, enfim. É de se perguntar como esses jovens poderão despertar senso crítico somente através de aulas expositivas. Como poderão olhar suas realidades sem que haja uma intervenção intencional para que isso aconteça. As colegas do grupo, que entrevistaram outras turmas também perceberam a mesma coisa. Se houvesse um trabalho mais focado para a compreensão de suas realidades, penso que não demonstrariam tanto constragimento nas respostas referidas anteriormente. É porque ainda consideram que existe uma culpa que é exclusivamente deles, sem perceber todo o jogo do sistema para que aconteça a exclusão. Penso que a EJA ainda, em muitos lugares, reproduz o currículo e as metodologias empregadas com alunos dos turnos regulares.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

DIDÁTICA e EJA

Quanto mais leio textos, excertos, livros, de Paulo Freire, mais penso que se a metade da humanidade fosse como ele, nossas escolas seriam realmente virtuosas. Não teríamos que ficar lutando e lutando para obtermos um minimo de condições estruturais que possibilitassem às crianças e jovens potencializar seus processos de aprendizagem.Talvez não houvesse a EJA, mas por um motivo maravilhoso de que todos poderiam se qualificar em um tempo regular, onde não haveria excluídos. Talvez houvesse alguma coisa como cursos de extensão e qualificação para todos, em todas as idades, sem faixa mínima ou máxima. Quando ele fala em fé no homem, me sinto um tanto diminuída, pois as vezes minha fé enfraquece. Ele nunca desistiu dos seres humanos, sua identificação era total. Quando fala em dialogicidade, a fé na humanidade é um de seus maiores pressupostos. A crençade que algum dia todos os indivíduos serão capazes de dizer a sua palavra, que não seja submissa, seja verdadeira, é condição necessária para que realizemos nossa intervenção com jovens e adultos. No entanto, isso significa também aceitar o momento em que se encontram e que nem sempre nossas propostas serão imediatamente aceitas por eles, ou que nem sempre tomarão como imprescindíveis os nossos pontos de vista sobre a realidade que nos cerca.

LINGUAGEM E EDUCAÇÃO

Ter contato com o pensamento da educadora Magda Soares, é bastante gratificante, pois devolve a nós professores um pouco de nossa autoconfiança. Gostei ver como ela explica de uma forma simples as diferenças de entendimento entre método e teoria. Certamente, é o próprio aprofundamento do estudo da língua, de como acontecem os processos de leitura escrita que cria algumas compartimentações, porém, com a experiência em sala de aula, os professores podem perceber que situações são coerentes com outras, que auxiliam o aluno a construir sua forma de aprender. Considero muito relevante sua fala a respeito do construtivismo, afirmando-o enquanto teoria. Também considero que houve um equívoco quando foi vivido como um método. Isso é a redução de uma teoria de desenvolvimento cognitivo que cavou fundo e marcou definitivamente um novo olhar sobre as etapas de aprendizagem das crianças. Aprender a ler codificando e decodificando não impede que sejam construídos simultaneamente o sentido, a compreensão e as funções da leitura e escrita.

LIBRAS

Ao ler os textos da unidade 3, na interdisciplina de LIBRAS, achei bastante interessante pensar sobre como os surdos ao longo da história de humanidade, conquistaram seus direitos. Foi até curioso saber que muitas vezes, dentro da própria luta na construção de suas identidades, algumas conquistas estiveram atrelados à condição de aceitarem a pecha de deficientes, já que através da lei só poderiam obter alguns benefícios se fossem considerados como tal. A condição de sujeitos com diferenças culturais não está ainda plenamente assegurada. Penso que seja muito importante que pessoas surdas estejam conseguindo alcançar níveis superiores de formação acadêmica, para que através dessa qualificação possam servir de exemplo e sirvam de vanguarda no alavancar do movimento das comunidades surdas. Claro que não considero que só pessoas com preparo intelectual possam cumprir esse papel, porém sabemos que as questões vinculadas à autoestima são muito fortes e entravam a mobilização, portanto, é necessário que haja exemplos fortes e que sirvam da esperança e afirmação.

domingo, 11 de outubro de 2009

Seu nome é Jonas

Tive a oportunidade e ir até o polo de Sapiranga, na sexta-feiraa noite e assistir o filme referido no título dessa postagem. Durante o tempo em que fiquei assistindo, lembrei que já o havi visto, há muitos, muitos anos atrás. É um filme triste com final feliz, porém naquela época, certamente muitas histórias de vida de crianças surdas foram tristes com finais também tristes. Ali se vê a batalha de uma mãe que não se conforma em não poder se comunicar com seu filho e não entender seus desejos e necessidades. Porém, muitos pais davam ouvidos aos que detinham algum conhecimento a respeito dessa necessidade. Sem desconsiderar a boa intenção ao crerem estar ajudando, as escolas que praticavam a terapia da palavra na verdade carregavam o preconceito de que esse é um mundo só para ouvintes, os não ouvintes é que devem se adaptar a ele. A crença de que o ser humano só é completo possuindo todas as suas habilidades físicas, desconsidera a condição do indivíduo como ser social e cultural que sempre aprenderá e terá a contribuir independente de ter necessidades especiais em uma ou outra área de sua vida. Achei muito interessante o momento em que Jonas se dá conta de que o rapaz surdo o está ensinando a linguagem de sinais. A partir do momento em que associou o sinal a alguma coisa que era de seu interesse como o cachorro quente, que nunca conseguia pedir, compreendeu que os outros gestos também eram sinal de comunicação. Sua alegria nessa descoberta foi muito bonita. Mais uma vez se comprova a importância da aprendizagem significativa, que parte do interesse do indivíduo.

DIDÁTICA

Considero muito importante os textos lidos na interdisciplina de didática, pois se fala muito nas vinculações entre indivíduo e sociedade, escola e sociedade, mas penso que muitos professores não conseguem efetivamente enxergar essas relações. Quando um autor conceituado no meio acadêmico coloca e explica essa visão,muitos passam a se questionar, realmente. A escola enquanto instituição, organizada em sistemas de ensino, sempre demonstrou sua posição com relação á ideologia dominante. Sempre promoveu a sua disseminação. Os vinculos entre os processos produtivos e o conheciemento oferecido nas escolas públicas são muito esclarecedores. A forma de ensino que leva a uma aprendizagem fragmentada está explicada pelo processo produtivo que leva a alienação com relação ao próprio trabalho. O Taylorismo e o Fordismo, ao organizarem as linhas de produção, com a especialização das diversas etapas dessa, em uma esteira contínua, onde o indivíduo jamais consegue ter a dimensão da importância do seu trabalho, conseguiram sem o esforço do combate, hegemonizar as idéias de que existem seres humanos que foram feitos para o trabalho manual e outros para o intelectual. Quando alguém somente aperta um parafuso, ou seleciona uma peça defeituosa, diariamente, não consegue se dar conta de que sua suposta pequenina parcela no processo global é tão importante quanto a do que planeja o produto a ser montado. Sem a sua parcela não há produto final. Mas a idéia de que qualquer um possa fazer seu trabalho, que lhe é incutida sistematicamente, acaba por levá-lo ao que chamamos de alienação. Falta de consciência da importância do produto final que enriquece a uns poucos. Essa filosofia vai ser colocada para as crianças, na escola,para prepará-los desde pequenos para essa alienação. O conhecimento oferecido também de forma fragmentada impede que a criança se situe no mundo como sujeito de suas ações. Se não consigo imaginar o todo da sociedade, como ela se articula, então não encontro meu espaço, e possivelmente eu não seja importante a ponto de mudá-la. Minha contribuição é tão pequena que não vale a pena tentar.Na sequência vemos a desmotivação, a falta de interesse, a violência, sinalizando que o caminho atual não pode continuar. É necessária a mudança de fato, sem remendos ou modernismos que continuam mascarando uma ideologia que é contra as classes dominadas.

EJA

A Educação de Jovens e adultos me fascina cada vez mais. Já tive a oportunidade de lecionar na Escola Sindical, no município de Taquara, no ano de 2002, durante o Governo Olívio. Foi muito gratificante pois até hoje encontro alunos e alunas que continuaram seus estudos e estão cursando Faculdade e muitos que continuam inseridos em algum movimento social, lutando por seus direitos e sua liberdade. A possibilidade de trabalhar com a Pedagogia de Projetos com adultos me motivou tanto que nesse momento estou saindo de uma estrutura já conhecida, de uma escola em que trabalho há 6 anos, para a possibilidade de lecionar para a EJA, em outra escola, inclusive mais longe de minha casa. Logicamente que essa decisão também tomou em conta a possibilidade de ter um turno livre durante o dia para acompanhar minha filha em seus estudos, mas a leitura dos textos propostos pelas professoras dessa interdisciplina me sucitaram uma grande vontade de voltar a trabalhar com adultos. Ainda não tenho certeza, pois depende de transferência, mas acredito que vai dar certo. Os textos lidos na interdisciplina de Linguagem e Educação estão muito articulados com o que está sendo desenvolvido na Interdisciplina de EJA, e me proporcionaram uma visão mais ampla do trabalho.

Seminário Integrador.

Gostaria de dizer que continuo achando muito importante a interdisciplina de Seminário Integrador, pois ela realmente cumpriu seu papel de articuladora dos conteúdos desenvolvidos nas diversas interdisciplinas. Percebo as conexões num crescendo, a partir das postagens nesse portifólio, todo o trabalho sobre perguntas e sua culminância no estágio, a partir da implementação da Pedagogia de Projetos. Gostei muito de realizar a tarefa das teses, pois consegui perceber mais nítidamente quais são os elementos essencias de um PA e comecei a perder o medo de tentar trabalhar com essa forma de aprendizagem. Talvez hajam mais essências, mas extrai do trabalho as seguintes: Necessidade do grupo para a troca de saberes e aprofundamento, para exercício da argumentação, para exercício do relacionamento solidário, cooperativo e respeitoso. A flexibilidade, fundamentalmente. Plano de ação para priorização e acompanhamento das atividades. A realização de mapas conceituais como facilitadores da articulação dos conceitos e visualização do todo. A importância da existência de uma pergunta investigativa. A importância de estruturar as dúvidas e as certezas já que essas são as bases para o desenvolvimento da pesquisa, no sentido de fortalecer certezas ou refutá-las e responder as dúvidas. Articulação entre as várias áreas do conhecimento. Síntese, a fim de buscar a coerência em um trajeto por inteiro. Registro de toda a pesquisa e etapas. Avaliação permanente das etapas.O resultado de tudo será a aprendizagem por parte dos integrantes do projeto.

LINGUAGEM E EDUCAÇÃO

Estou gostando muito de cursar a interdisciplina de Linguagem e Educação pois realmente ela tem trazido muitos elementos novos para mim. Apesar de eu já trabalhar com as crianças apresentando diferentes gêneros de texto, sempre tive a escrita como uma incógnita. Quando li o texto de Kleimann fiquei bastante contente e surpresa de uma certa forma. Ainda que busque leituras extras, percebo a importância do meio acadêmico em nivel superior. Quantas produções e pesquisas tem sido feitas e que ainda não possuem uma mínima inserção no meio docente, especialmente o de escolas públicas. O conceito de letramento autônomo me clareou muito. Me fortaleceu de certa forma. Coloquei para as supervisoras das duas escolas. Uma ficou a pensar.. a outra não sei. Certamente no próximo ano iniciarei pelo diálogo com as crianças. Realmente deve ser muito dificil para elas articularem suas idéias em textos argumentativos e ou expositivos. A estrutura é diferente daquela a que estão acostumados a vivenciar diariamente que é a fala, ou seja, o diálogo. A maior parte do tempo falam informalmente, seu vocabulário é adquirido conforme suas experiências na família, com os coleguinhas, nas brincadeiras, em suas igrejas e ou passeios. Realmente o vocabulário apresentado em sala de aula, fica bem distanciado do que se habituaram a ver e compreender. Claro que não estou dizendo com isso que não devamos apresentar um outro vocabulário. Esse é nosso papel enquanto docentes, iluminar suas vivências com cientificidade, estimulando-os à formalização. Precisamos, no entanto, iniciar pelo que já trazem e incentivá-los ao registro escrito. É o que consideramos de conhecimentos prévios, que muitas vezes é falado mas não compreendido.

sábado, 12 de setembro de 2009

LIBRAS


Achei muito interessante a aula de LIBRAS; pude revisar algumas questões que havia visto no curso que fiz pela FADERS, no ano de 2000. Especialmente, julgo importante o entendimento da identidade e da cultura de surdos. Tive a oportunidade, na época em que fiz o curso já citado, de visitar a sociedade de surdos que fica situada próxima ao Jardim Botânico em Porto Alegre. Fizemos nossa finalização do trimestre conversando com surdos que frequentam o local. Uma moça, na ocasião me relatou da dificuldade que teve com sua família, pois como possuía um pouco de audição, sua mãe desejava que ela oralizasse. Não lhe propiciava contato com outros surdos. Ela sentia-se tímida e tinha dificuldades de se relacionar, pois não conseguia expressar-se com naturalidade, e sua voz saía alterada. Quando cresceu. procurou sua identidade junto a grupos de surdos e aprendeu LIBRAS. Naquele momento, sentia-se a vontade para dizer que estava muito mais feliz e também havia casado. Sua autoestima tinha aumentado muito. Sua expressão era muito mais espontânea do que antes. Trabalhar contra o preconceito é ainda bastante necessário, muitas vezes pensamos que as pessoas já tem uma compreensão diferenciada, e no entanto ainda há muitos problemas relacionados a aceitação do surdo em sua família.

domingo, 6 de setembro de 2009

EJA

Em minha opinião, o parecer da CEB 11/2000 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e adultos, do relator Carlos Roberto Jamil Cury é uma fonte extremamente séria de pesquisa, pois cobre de maneira profunda todos os aspectos que constituem a EJA, numa visão p0lítica e social de educação permanente, situando-a como serviço público, dentro da organização estrutural da oferta de ensino no país. O exame acurado do processo histórico educacional em nosso país, gerou o conceito e as funções da EJA, que no meu entender pontuam a tentativa de instalar um processo justo frente a todo o conflito social, com relação aos segmentos excluídos: trabalhadores, negros, índios, mulheres, idosos, encarcerados ePNEEs. Concordo, que no momento atual, a justiça passe por intensa aplicação de recursos econômicos em estruturas educacionais que atendam a esses segmentos, a fim de diminuir a distância de acesso e apropriação de um bem social como a educação por parte deles, com relação às elites dirigentes do país. Não há como haver justiça ao aplicar recursos iguais em segmentos com tamanha defasagem de oportunidades. A proporção ficará simplesmente mantida.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Lendo Comênio

Confesso que apesar de sempre retomar minhas esperanças com relação a uma mudança social com igualdade e justiça, fico muito preocupada em saber que já em 1600, uma pessoa defendia idéias que ainda significam quase uma utopia para o momento atual. São 400 anos; duzentos anos depois da morte de Comênio, estouram no mundo outros grandes mestres como Piaget e Vygotski, nascendo, inclusive, no mesmo ano. Cada um deles aprofundando e aproximando idéias já lançadas por ele. Piaget esmiuçando o desenvolvimento da inteligência, Vygotski vinculando o homem e a sociedade, a importância dos contextos sócio-culturais no desenvolvimento humano. Wallon, apresentando o desenvolvimento de um ser completo. Paulo Freire, aqui no Brasil, revelando a vocação do indivíduo para a liberdade, com seus conceitos de autonomia, alteridade e práticas sociais. Meio caminho andado..... mas quanto tempo levaremos para percorrer a outra metade?

sexta-feira, 10 de julho de 2009

indios II

A experiência relatada anteriormente só faz corroborar meu pensamento de que os sujeitos que desejam alcançar uma saída das mãos de grupos que lhes impõem a submissão, devem agrupar-se também. A saída individual não consegue manter-se e ampliar-se, na maioria das vezes. Nesse sentido, o movimento dos povos indígenas traz consigo a legitimidade e a dignidade, embora os meios de comunicação apresentem enormes distorsões a respeito, tentanto imprimir uma imagem de caos, de violência e intolerância por parte desse. O que pode ser mais intolerante que o massacre de não indios sobre indios? Se pegarmos os dados apresentados no texto de Gersen- Baniwa, de que havia em torno de cinco milhoes de indios, no Brasil, na época do descobrimento e que agora, existe menos de um quinto desse número, e que as outras populações não indígenas duplicaram, triplicaram, não se observa sinais de intolerância por parte dos não indios? Para alguns, serem tolerantes é um dever, para outros, opção? A luta pela erradicação de uma concepção de identidade genérica dos povos indígenas, pois a diversidade salta aos olhos, tem de ser trazida para dentro da escola. Não importa estudar os indios, sem corporificá-los, como se não existissem na dimensão concreta, como um conto ou lenda. (embora saibamos que existe intencionalidade nisso, também) Importa conhecer sobre um povo apenas, mas identificando-o, impulsionando nos educandos o desenvolvimento da alteridade. Eles existem e vivem, muitas vezes, bem próximos de nós; não querem nos tomar nada, só querem ter o direito de viver sua história com a mesma dignidade com que desejamos viver a nossa.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Indios

O texto de Gersen Luciano dos Santos - Baniwa, trouxe-me muitas lembranças da época em que fizemos atividades conjuntas, o MARSUL (Museu Arqueológico do RS) através de minha pessoa como diretora, na época, e os dois grupos que habitavam os espaços de reserva do município de Riozinho. Os Guaranis do Campo Molhado e do Km 45, como eles mesmos denominavam seus respectivos locais de moradia. O Campo Molhado ficava bastante distante da cidade de Riozinho e nunca tive a oportunidade de subir até lá. Mas tanto os sujeitos de lá como do Km 45, mais abaixo, frequentaram o MARSUL. Na época eram ministradas palestras sobre a existência de sítios arqueológicos no Brasil com ênfase para o RS, e a caracterização dos respectivos povos que os constituiam. Diariamente recebiamos 2 a 3 escolas. Pelo menos uma pela manhã e outra a tarde. Cheguei a fazer várias conversas com as crianças falando sobre o tema. Surgiu-nos então, da parte da equipe do Museu, que aliás era muito pequena, a idéia de solicitarmos alimentos não perecíveis, roupas e calçados para serem enviados a esses grupos que viviam bastante mal, pois a região onde situavam-se as reservas não eram ricas em termos naturais. A de baixo se configura em um quase precipício e o Campo molhado, muito pedregoso, frio, sem grandes possibilidade de plantio, ou seja, de sobrevida da própria terra, como seria da cultura desses dois grupos. Mais tarde, preparamos uma grande exposição de quadros com fotografias dos dois grupos. Muito lindas. De aspectos de sua vivência nas reservas. Artesanato, cestarias, relações familiares, etc.. Foi inaugurada no dia 27 de abril de 2002. Passaram quase 2.000 pessoas entre avulsos e escolas, pela exposição, no Museu, apreciando as fotos e o artesanato. Nesse dia, foi vendido muito artesanato, as escolas reuniram-se com alguns deles e houve muita informação passada dos Guaranis para não indios. No dia anterior, à noite, houve a inauguração oficial, com a presença da esposa do então vice-governador Miguel Rosseto, que também trabalhava as questões de defesa dos direitos dos povos indígenas. Muitos estudantes da UFRGS, PUCRS, FEEVALE, UNISINOS , ULBRA estiveram presentes, assistindo ali e durante mais dois dias, palestras sobre a questão da identidade desses povos. O cacique Avelino e o cacique Felipe Brissuela falaram sobre alimentação, religiosidade, sustentabilidade, relações familiares e sobre outros temas que iam se gerando por meio de perguntas. Durante, três dias e meio, estiveram acampados dentro do Museu e em sua área externa, cerca de 120 pessoas. Vieram das duas reservas mais de 70 Guaranis. Mulheres, crianças, homems, velhos... No sábado houve uma palestra com um professor da UFRGS que mostrou aos Guaranis a cestarias produzidas por Kaingangues, com explicações sobre simbolismo e identidade. O cacique Avelino, exigiu que todas as mulheres assistissem a palestra e vissem as imagens projetadas, na época,no projetor de slides. Todos comentava muito entre si, embora não entendessemos. Ficaram muito atentos sobre os costumes de seus parentes. Depois, infelizmente, me retirei do Museu para dar aulas, o que também é bom, porém me distanciei do contato com os Guaranis. No ano seguinte ainda, o cacique Miguel veio até as escolas em que passei a lecionar e também fez uma palestra para os alunos, aém de demonstrar dança, canto e música com suas filhinhas e seu violão. Sempre procurei trazê-los para que as pessoas pudessem sensibilizar-se sobre a situação em que vivem e esclarecer sobre o modo de vida desse povo. E na medida do possível com algum retorno de sustentação para eles.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Kant

“A arte da educação ou pedagogia deve, portanto, ser raciocinada, se ela deve desenvolver a natureza humana de tal modo que esta possa conseguir o seu destino.”

“Deve, por fim, cuidar da moralização. Na verdade, não basta que o homem seja capaz de toda sorte de fins; convém também que ele consiga a disposição de escolher apenas os bons fins. Bons são aqueles fins aprovados necessariamente por todos e que podem ser, ao mesmo tempo, os fins de cada um.”

“não se deve educar as crianças segundo o presente estado da espécie humana, mas segundo um estado melhor, possível no futuro, isto é, segundo a idéia de humanidade e da sua inteira destinação. Esse princípio é da máxima importância. De modo geral, os pais educam seus filhos para o mundo presente, ainda que seja corrupto. Ao contrário, deveriam dar-lhes uma educação melhor, para que possa acontecer um estado melhor no futuro.”

“É preciso dar liberdade à criança desde a primeira infância e em todos os seus movimentos (salvo quando pode fazer mal a si mesma, como, por exemplo, se pega uma faca afiada), com a condição de não impedir a liberdade dos outros, como no caso de gritar ou manifestar a sua alegria alto demais, incomodando os outros. 2. Deve-se-lhe mostrar que ela pode conseguir seus propósitos, com a condição de que permita aos demais conseguir os próprios; "


Considero importante colocar aqui alguns trechos dos escritos de Kant, pois eles revelam o seu conceito de autonomia. Acredito que esse não seja um conceito facilmente compreendido dentro da educação, por parte do conjunto docente das diversas escolas públicas. A autonomia vai se constituindo na medida em que outros conceitos vão encontrando seu espaço dentro dela. O sentido da cooperação, expresso no ítem 2 do último trecho. A consciência de que todas as nossas ações repercutem também sobre os outros; expresso no penúltimo trecho. A definição de grupo, de identidade, de indivíduo, e a perspectiva de futuro expressa no 3º trecho. A relação entre indivíduo e sociedade; expressa no 2º trecho e a importância do desenvolvimento da razão, ou seja da capacidade de pensar todas as relações nas quais está inserido sejam elas com os objetos, ou com outros indivíduos. Acredito que deveriamos debater incansavelmente sobre o significado de todos esses aspectos dentro da visão autônoma, como educadores; talvez aí iniciássemos novas trilhas de aprendizagens para as crianças e para nós mesmos como profissionais de escolas públicas frente ao Estado. No município de Taquara, finalmente um grupo de professores está se dedicando a construção de um Sindicato de Professores; vejo nesse espaço uma possibilidade de participação colaborando para a reflexão politico-pedagógica.

Adorno

Quando Adorno fala em seu trabalho "A Educação após Auschwitz"sobre os "assassinos de escrivaninha", fiquei muito mobilizada. Certa vez assisti uma cena em Porto Alegre, quando ainda morava lá, específicamente na rua Borges de Medeiros, onde situavam-se vários terminais de ônibus. De dentro do ônibus em que eu estava observei uma senhora de meia-idade, negra, sentadinha com sua banquinha de cocadas. Em seguida apareceu outra senhora, bem alemoa.(cito as características para realçar a cena justamente porque o sistema se utiliza muito bem delas.)A senhora alemoa estava bêbada e pegou uma cocada da banca da outra sem permissão, ou seja, ela roubou. No seu estado de embriaguez talvez nem estivesse se dando por conta dessas questões morais sobre as quais estamos constantemente pensando, enquanto intelectuais. Seu desejo de comer uma rapadurinha e talvez também por fome, falava mais alto. A Senhora, dona da banca, por sua vez começou a empurrá-la e as duas ficaram literalmente se digladiando... mãos contra mãos se empurrando... a dona da banca pedia socorro e gritava por causa de uma rapadura apenas.. mas também, pelo roubo, por sentir-se roubada, pela penúria e a tentativa de ganhar um dinheirinho com suas rapadurinhas... As duas se xingavam de negra isso e alemoa aquilo.Não havia a culpa de nenhuma delas... Fiquei angustiada e já ia descer do ônibus para interferir... felizmente foram apartadas... mas por alguns instantes observei também os que transitavam...a maioria ria, afirmando ser uma coisa de pobres...outros ainda estimulavam....todos dentro da mesma cena...todos poderiam fazer a mesma coisa, se mexessem em alguma coisa sua... porém, não se dando conta também... assim como a senhora bêbada. Já naquela época eu percebia a briga dos miseráveis contra miseráveis..Atuava muito pela mudança social e pela mundança interior, individual. Eu não lecionava, ainda, mas trabalhava com vários grupos sociais pela antiga FESC municipal. Passaram-se talvez 20 anos daquela cena. Nos dias 18 e 19, participando da CONAE (Conferência Nacional da Educação) após a palestra da Professora Doutora Vera Peroni, novamente, porém em outro nível, a repetição... vários participantes de Conselhos Tutelares da região puxando uma discussão contra professores e funcionários de escola e vice-versa. Nesse momento consegui intervir e alertar que não se podia ficar desperdiçando nossas forças para a mudança. O foco naquele eixo, justamente era o do papel do Estado na elevação da qualidade da educação. Nosso foco era o Estado, representado por governos e banqueiros, citados pela própria professora Vera Peroni. Banqueiros que colocavam faculdades na bolsa de valores. Determinando o que secretários de educação teriam de fazer em trocas financeiras. Infelizmente, desde a afirmação de Adorno, a miséria tomou proporções preocupantes, a pressão social para o consumo acirrou-se sobre os indivíduos, os donos de escrivaninhas as trocaram até por castelos...uma pequena escrivaninha já não basta. Ainda assim, continuo esperando... esperançando...não sei...Acredito no poder dos professores, na educação e num ser humano melhor. Assim como o germem da barbárie está contido na civilização, a elevação de humanidade também ali está no movimento da barbárie, no momento seguinte se opondo, se gestando. Por isso talvez, um dia, a barbárie deixe de se repetir.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

PSICO II

Análise.

No texto de Piaget, “Os estágios de desenvolvimento intelectual da criança e do adolescente” está colocado: “é necessário que primeiramente a ordem de sucessão das aquisições seja constante. Não a cronologia, mas a ordem de sucessão.” E mais adiante: “essa cronologia é extremamente variável; ela depende da experiência anterior dos indivíduos e não somente de sua maturação, e depende principalmente do meio social que pode acelerar ou retardar o aparecimento de um estádio, ou mesmo impedir o aparecimento de sua manifestação.” Ao ler esse texto, e observar minhas turmas, acabei fazendo a comparação de estádios em que se encontram e principalmente constatei o que já venho afirmando sempre, que o meio social pode não ser determinante, definitório, como alguns afirmam, mas ele prepondera. E acima de tudo gostaria de clarear que devemos entender o meio social como constituído por componentes culturais e econômicos. A própria cultura é permeada pela condição econômica. Certamente estou sendo repetitiva, mas ainda não fui convencida do contrário. Além disso, penso que se as crianças não podem expressarem-se em casa de forma harmônica, que se não existe o diálogo em casa, e que se a escola não abre espaço para que falem, não há como se desenvolver a linguagem, extremamente necessária para o desenvolvimento mental, para a construção das estruturas e esquemas de assimilação e acomodação. Por consequência, o desenvolvimento da escrita também pode ficar prejudicado. Para finalizar, preciso colocar que não estou me mantendo somente no nível das análises e constatações, mas tenho tomado medidas efetivas para auxiliar as crianças em seu desenvolvimento e uma delas é o início da realização de avaliações semanais, com a turma, sobre todos os aspectos da aula, a fim de que consigam aprender a falarem melhor, argumentarem e assim, sentirem-se ouvidas e com poder de decisão.

PSICO II

Na escola E.M.E.F. encontram-se 25 crianças dentro da sala. Doze delas variam suas idades de onze a quatorze, já quase quinze anos. A outra metade da turma situa-se na faixa dos dez anos. A grande maioria delas apresentam famílias em que um dos pais ou ambos estão desempregados ou prestam serviços temporários. Falta-lhes alimentação, em casa, a maioria vem para aula com febre, dor de dente, de cabeça, garganta, além de outras doenças contagiosas como hepatite, caso que aconteceu esse ano com um dos alunos e que foi detectado por mim. Essas crianças têm carência de roupas, brinquedos, não possuem computador, nem aparelhos de CD, uma ou outra criança, somente. A maioria dos pais não consegue vir à escola saber de seus filhos ou não se interessa realmente. As crianças, quase não tomam banho, e no turno oposto ao escolar, ficam pelas ruas, vão à rios, arroios, tomar banho sozinhos, ou cuidam dos irmãos. Nem sempre auxiliam na casa. Em casa, muitos pais (homens), bebem, o casal briga muito e até comete atos de agressão, algum familiar, irmão, tio, pai, está envolvido com drogas e todos brigam muito com as crianças, inclusive batendo nelas, ou na outra polaridade, não se importam com o que fazem. Em aula, a maioria delas apresenta-se no estádio operatório concreto, mas recém entrando nele. Mesmo os de quatorze anos. Além do mais percebe-se características de estádios anteriores. São pouco cooperativos, só se acalmam sob ordens severas, (o que me causa muita tristeza), agridem-se muito, discutem sem conseguir argumentar, ficam afirmando ou contra-afirmando: é X não é, sei X não sei ( estádio das representações pré-operatórias). Sentem muita vergonha de falar em frente aos outros, gostam de dançar e cantar, mas encenar, não muito. A escrita apresenta muita dificuldade. Muitas vezes, de cinco palavras escritas, todas possuem erro ortográfico. Não articulam início, meio e fim e ficam se repetindo, daí, daí, daí e repetem a mesma frase, todinha.

PSICO II

Esse ano, estou lecionando duas 4ªs séries, como já me referi em diversas outras postagens, seja no blog ou nos fóruns ou mesmo, em textos solicitados pelos professores. As crianças das duas turmas, apresentam desenvolvimento da expressão oral e escrita completamente diferentes. Na E.E.E.F., as crianças são oriundas de classe média baixa, tendendo à média, possuem famílias um tanto estruturadas, com pais que possuem empregos mais estáveis, que acompanham o processo de desenvolvimento escolar das crianças, que cuidam de sua higiene, que procuram participar auxiliando a escola em suas necessidades. Muitos tem carro, as crianças vão ou voltam com transporte escolar, as crianças, em casa, tem DVD, computador, aparelhos de CD próprios, passeiam com os pais, e conversam muito com eles.No turno inverso, ficam em casa ou vão a algum curso. Auxiliam na casa ou cuidam de irmãos. Essas crianças, na escola, apresentam seus estádios de desenvolvimento de socialização, gênese do pensamento e afetividade muito mais par e passo com sua idade cronológica.(estádio operatório concreto) Não quero dizer com isso, que não tenham inúmeros problemas tanto econômicos como familiares e sei que precisam de grande orientação para o aprendizado. Note-se, também, que não estou afirmando que “estão no estádio” categoricamente. Nas aulas, dançam, cantam criam, são mais harmônicas, menos violentas em suas condutas umas com as outras. Cooperam bem mais que seus coleguinhas de séries anteriores e já argumentam melhor. Na escrita, apresentam poucos erros ortográficos e maior articulação da escrita. Como exemplo, em um trabalho, uma menina, escreveu três historinhas que ocuparam três páginas de caderno e fez três erros de ortografia.

PSICO II

Sob o enfoque Piagetiano, cada vez mais identifico situações em sala de aula, não observando somente agora, as duas 4ªs séries para as quais leciono, mas relembrando as turmas de 1ª série, 2ª e 3ª, assim como no ano passado o 1º ano, onde as crianças estavam na faixa dos seis anos de idade. Especificamente, nas 1ªs séries e mais ainda no 1º ano, entendi a “conversalhada” que faziam o tempo inteiro, durante todo o período de aula, seja na rua, no pátio ou dentro da sala. Apesar de muitos anos trabalhando com os pequenos, comecei a perceber que conversavam cada vez mais. Algumas vezes cheguei a pensar que eu já estava muito cansada e, que por isso estava exagerando em minhas observações, mas não, Piaget através de seus escritos me fez ver que realmente essa característica é própria dessa idade. Ele se refere a isso como um “monólogo coletivo”, em que as crianças estão mutuamente se excitando à ação, mobilizando seus esquemas interiores, assimilando as situações que vivencia e acomodando essas assimilações com o auxílio da fala, ainda que pareça estar dialogando com seus coleguinhas. Certamente o diálogo está acontecendo, mas subjacente a ele, o que existe é um monólogo. Confesso que fiquei mais aliviada, pois como trabalhava quase sempre em grupos, a aula estava sempre agitada, o que atraia “olhares fiscalizadores de disciplina” sobre a turma e a mim. Pelo menos não pequei tanto com eles. Conseguiram este espaço tão importante e com exceção de quatro deles, todos saíram lendo e escrevendo do 1º ano e brincaram muito, também. Gostaria de ressaltar que esse aspecto se encontra na análise da socialização da ação em Piaget.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Questões étnico-raciais

Quando fiz as entrevistas com as crianças negras, não havia lido o texto da professora Marilene Leal Paré. Somente o fiz quando fui elaborar o texto de reflexão sobre a entrevista e o contexto escolar. Confesso que fiquei bastante impressionada com as Essências elaboradas na dissertação da professora. As crianças responderam exatamente dentro das dimensões que compõem as Essências. Pude ver a expressão delas quanto ao sentimento de tristeza quando eram ofendidas em função da cor da pele. Todas falaram que sentiam-se mal, mas não sabiam explicitar, ou não queriam, creio que sentiam vergonha de sentir tristeza. Realmente, o que aprendi nessa interdisciplina é que ainda estamos fazendo muito pouco para mudar essa situação. Como já havia falado no texto de reflexão, embora muitas das crianças, mesmo brancas passem situações de miséria, ainda assim, vejo que as crianças negras apresentam mais marcas de desorganização, de desânimo pela frequencia à escola, possivelmente indicativo de não identificação com a escola que não lhes apresenta conteúdos condizentes com seus interesses. Como diz a professora Marilene, onde está o momento de estudo sobre a África? Continuamos oferecendo somente material sobre a europa.

sábado, 9 de maio de 2009

idem anterior

Lendo as postagens das colegas, no fórum, observei questões que se apresentam em suas salas de aula, que são muito parecidas com as que acontecem comigo. Já que em Taquara existe uma região de Quilombo, pretendo levar a turma até lá para que conheçam o local e troquem informações com o pessoal de lá. Penso que é importante a criança negra e indígena, especialmente, enxergar que se é um entre centenas ou milhares, então é um igual entre muitos. Em uma situação em que é um diferente entre muitos diferentes, não necessita ser o escolhido para sofrer a discriminação e o massacre. Suspeito que um de meus alunos tenha descendência indígena, por isso já preparei a atividade 5 dessa interdisciplina em função disso. Se for possível, pretendo levá-los até a reserva Guarani, no município de Riozinho. (próximo de Taquara).

Questões étnico-raciais na educação

Psico II

Quando assisti o vídeo em que o próprio Piaget se afirmava construtivista, senti um misto de admiração e emoção. Existem pessoas que já nacem geniais... só vão desenhando essa genialidade ao longo de suas vidas. Admiro essa firmeza de crença, a coragem de não aceitar o que os outros lhe impõem. A primeira vez que li Piaget, tinha mais ou menos uns 24 anos. Não entendi nada. Mas minha intuição(ele fala muito bem disso) dizia que esse era um caminho. Hoje começo a compreender o que são os processos de assimilação e acomodação e portanto o que é aprendizagem. Espero que consiga desenvolver essa compreensão, cada vez mais, em minhas ações. Em uma das revistas Nova Escola, há um texto que questiona o discurso vazio. Vários professores emcampam um discurso, o vocabulário utilizado no momento, mas na verdade não o compreendem e talvez até por isso, não acreditam e consideram moda. Não procuram aprofundar a teoria. Tive o desprazer de ouvir, em cursos proporcionados para professores no município de Taquara, uma professora que ministrava o curso sobre alfabetização que Paulo Freire e o construtivismo estavam ultrapassados. Certamente reduziu a epistemologia ao método, confundindo. Indicação de falta de conhecimento sobre o assunto.

PSICO II

A partir de uma série de experiências de vida, me foi apresentado o termo dialética. Fui compreendendo o conceito muito lentamente. Certamente, hoje, comprendo muito mais, porém, fiquei extremamente feliz, ao ler os textos de Fernando Becker e receber algumas explicações da parte da professora Ana Petersen e da tutora Analissa na aula presencial, com o quê, me ficou muito claro a dialeticidade da epistemologia relacional. A dialética enquanto ação psíquica inerente a todo o ser humano, apesar de a grande maioria não saber disso. Lógicamente, continuo afirmando que ainda estou me aproximando dessa forma de exercer a docência, pois anos e anos de uma pedagogia diretiva, todo um período de formação do ensino fundamental ao médio, nos deixa marcas profundas.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Educ.Pessoas com Neces.Educ.Especiais

Ao ler o texto de Cláudio Roberto Baptista, fiquei satisfeita por encontrar, ali, a argumentação que vem ao encontro de algumas idéias que coloquei no primeiro fórum sobre a história da Educação Inclusiva. Que existe uma necessidade de mudança ampla, em que todos possam ser incluídos. Mas, achei muito interessante saber sobre o quanto a defesa do processo de inclusão dos portadores de necessidades educacionais especiais aproximou a chamada educação especial da educação "regular"; que os métodos e pressupostos utilizados na educação especial, foram migrando para a educação comum.'' O autor cita a tentativa de compreender o indivíduo como único, a interdisciplinaridade, a valorização do contexto social de onde esse aluno provem. Também a radicalização da inclusão como forma de questionamento intenso sobre todos os sistemas de ensino.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Psicologia II

Psicologia II

Foi bastante importante para mim, retomar o conceito de aprendizagem na interdisciplina de Psicologia nesse semestre, especialmente ao ler alguns textos novos do professor Fernando Becker e relacioná-los com textos que já haviam sido lidos anteriormente, desse mesmo autor. Confesso que continuo lendo e relendo seguidamente. Trago os textos sempre comigo pois o autor tem a felicidade de explicar Piaget e a epistemologia que embasa o construtivismo de uma forma que eu não diria fácil, mas que me permite facilitar a compreensão da mesma. Entender os conteúdos como recortes do conhecimento que servem apenas para alavancar o estudo de um determinado tema é diferente de entendê-los como um fim em si mesmos. Entender que o conhecimento não é algo que se recorta e se toma para memorizar tal como ele é, mas que ele, ao ser acessado é sempre reinterpretado em uma relação estabelecida entre esse (objeto) e quem o acessa (o sujeito), não é realmente fácil. Especialmente após anos de formação cujas epistemologias que a embasaram foram empiristas (diretivas) e/ou aprioristas(não-diretivas)

quarta-feira, 18 de março de 2009

Conquistas e Expectativas

O Segundo semestre de 2008 foi muito importante para mim, pois, como já relatei em outras instâncias, retomei vários conceitos teóricos e consegui aprofundá-los. Desfiz alguns nós que sempre ficam no trajeto. Desde os 15 anos de idade que atuo em alguma área de mobilização social. Seja em grupos de mães, em lutas por água ou calçamento na periferia, no próprio cpers, junto aos colegas professores, em questões ambientais, movimentos de mulheres, negros, indios, enfim. Sempre fiz movimentos de afastamento e reaproximação dessas lutas todas, conforme processos psico-emocionais ou familiares pelos quais passo. A teoria sempre me auxiliou a compreender melhor e reorganizar essas intervenções. Nos últimos 4 anos, me encontrava no momento de afastamento....mas ao iniciar a faculdade - pead - alcancei um revigoramento e vontade de me reaproximar. No semestre passado, então, houve a coincidencia de haver greve no estado, processo de eleição no sindicato municipal,e estarmos realizando as interdisciplinas da área de sociologia....acabei participando dos dois acontecimentos com bastante intensidade. Além disso, as interdisciplinas enfocaram os desdobramentos políticos na educação, o que me levou a sentir o desejo de atuar em algum projeto dentro da própria escola. Nesse momento, estou terminando a escrita de um projeto de horta comunitária na E.M.E.F 17 de Abril, que fica na periferia de Taquara, com vistas a trabalhar com os pais de alunos e também com os próprios alunos, tentando estimulá-los a retirar sustento com esse projeto. Pretendo tentar conseguir verba junto ao governo Federal....vamos ver.... . Gostaria iniciar um processo, a partir da horta, de gestão democrática dessa escola. Não sei se o projeto vai se viabilizar, mas tentarei. Através dele, gostaria também de desencadear uma forma desenvolver aprendizagem nos moldes dos Projetos de Aprendizagem desenvolvidos por nós no pead.
Quanto a este novo semestre, estou bastante entusiasmada com relação às interdisciplinas já que dizem respeito diretamente ao nosso trabalho e relação com as crianças. Especialmente na escola 17 de Abril, onde temos (nós professores) nos questionado muito sobre o grau de dificuldades apresentadas pelas crianças de lá, decorrentes da falta de motivação para o aprendizado, dentre muitas outras razões. Gostaria de ser auxiliada a realizar algum tipo de pesquisa ou avaliação que
permitisse um diagnóstico o mais aproximado da realidade, possível, para que pudesse, junto aos professores de lá, estruturar uma intervenção de elevação dos níveis de aprendizagem daquelas crianças.